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domingo, 10 de abril de 2011

A MAÇONARIA E SUAS ORIGENS

Apesar de haverem inúmeros relatos a respeito da Maçonaria, muitos historiadores costumam associar sua origem aos pedreiros medievais. Para os interessados no assunto pode parecer frustrante, mas, não há indícios confiáveis que validem essa premissa. Muitas das fontes de informação que associam a Maçonaria a essa classe de construtores são narrativas que se limitam à uma determinada região, não representando um todo, e sim casos isolados que não devem ser entendidos como uma conclusão unânime; até porque, muitas dessas narrativas têm o “aval” da Igreja Católica, o que, de uma certa forma, compromete a credibilidade desses documentos. Da mesma forma, uma pesquisa séria e aprofundada no assunto pode levar o leitor a concluir que não se encontra referências que justifiquem os ditos sinais, juramentos, o corporativismo ou, até mesmo, os “segredos” atribuídos aos pedreiros dessa época.
Assim sendo, fica no ar as seguintes questões: “em que ponto, e de que forma, a história da Maçonaria se mistura (ou se foi feito misturar) com a dos construtores medievais?” e “qual o real significado dos sinais e símbolos adotados por ela?”
Para que se possa entender a Maçonaria e sua trajetória, é necessário mencionar os Cavaleiros Templários e os Cavaleiros Hospitalários. Havia rivalidade entre ambas as Ordens. Tanto os Templários quanto os Hospitalários seguiam um complexo regulamento interno que, mantido em sigilo durante a Idade Média, havia sido elaborado por Bernardo de Clairvaux.  Hoje se sabe que os Templários, Ordem criada e reconhecida em 1185, faziam voto de castidade (voto que era garantido pelo uso permanente de uma ceroula tecida em pele de carneiro, proibição dos banhos e da visualização da própria nudez), voto de pobreza e de auxílio mútuo, doava todas as suas posses para a Ordem, além de ser subordinado ao Papa, única autoridade acima do Grão Mestre (o mais alto grau dentro da Ordem). Durante o período das Cruzadas, as ruínas do Templo de Salomão serviram a sede para as reuniões da Ordem dos Templários. Foi neste período que a Ordem somou a seu tesouro muito do que era conquistado, tornando-se uma dentre as mais sólidas forças econômicas de sua época. Em 1305, após os mulçumanos terem reconquistado a Terra Santa, a Ordem dos Templários e a Ordem dos Hospitalários estabeleceram-se no Chipre. Foi nessa ocasião que o rei da França Felipe de Valois, ou, simplesmente, “Felipe, o Belo”, arquitetou um plano para se apoderar da enorme riqueza dos Templários e, assim, “angariar fundos” para seu projeto de expansão territorial sobre a Inglaterra. Para isso Felipe contou com o auxílio do Papa Clemente V, Bernard de Goth, que sugeriu unificar as duas Ordens rivais, ou subordinar todos os Hospitalários. Felipe, então, convocou os Grãos Mestres para um encontro em Paris. O Grão Mestre dos Hospitalários se ausentou desse encontro. Jacques De Molay, Grão Mestre dos Templários compareceu ao encontro e apresentou dois documentos: uma carta explicando os motivos e diferenças que considerava importantes para que se mantivesse a Ordem Templária e a Ordem Hospitalaria como duas ordens distintas. 
Enquanto De Molay permanecia em Paris, aguardando um parecer do rei Felipe sobre os dois documentos que lhe apresentara, o rei colocava em prática seu plano de aprisionar, de uma só vez, todos os Cavaleiros Templários: enviou cartas lacradas aos líderes políticos e religiosos locais com ordens expressas de só abrir aquelas cartas em 12 de setembro de 1307. Foi em 13 de setembro de 1307 que 15 mil homens foram aprisionados. As acusações da Inquisição, evidentemente falsas, iam da profanação de objetos sagrados até a pederastia. Dessa forma, naquela data os Templários foram passados à condição de hereges, e sofreram terríveis torturas ao longo dos anos que se seguiram: muitos tiveram, ainda vivos, seus órgãos internos arrancados; outros foram queimados nas “santas” fogueiras. O próprio De Molay foi torturado durante sete longos anos, e quando lhe ofereceram uma morte rápida e indolor em troca da confissão de suas heresias, De Molay negou ser o criminoso de que era acusado ser. Foi imediatamente condenado à fogueira. E, por decreto papal, toda a fortuna dos Templários foi transferida para a Ordem dos Hospitalários. Isto levou os Templários remanescentes a se reestruturar a fim de resistir, ainda que clandestinamente, para isso, passaram a conceder iniciação à Ordem, após uma criteriosa avaliação qualquer um que tivesse potencial e compartilhassem do mesmo injusto desafeto por parte da Igreja Católica. Esses iniciados eram, em geral, os alquimistas, os filósofos, os pensadores, os rosacruzes, entre outros. Os remanescentes da Ordem dos Templários acabaram por se tornar um grupo de homens com experiências diversificadas e que desejavam continuar praticando seus conhecimentos, sem que fossem castigados pela Santa Fé.
Em 1381, houve uma revolta de camponeses que abalou a Inglaterra. Essa revolta tinha como alvo os representantes do papado, da monarquia francesa na corte britânica e a Ordem dos Hspitalários. Liderados por um homem chamado Wat Tyler, esse grupo de camponeses destruiu uma boa parte das construções dos Hospitalários, preservando, porém, a principal edificação Templária na Inglaterra, a igreja da Rua Fleet, consagrada em 1185.

Referência bibliográfica:
Nascidos do Sangue – Os Segredos Perdidos da Maçonaria (John J. Robinson).

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